Pesquisa mostra que 17% dos empreendedores 

do país são jovens de até 25 anos. 

 


O levantamento revela que atualmente 40 milhões de brasileiros estão empreendendo em algum seguimento. Desse total, os jovens entre 18 e 25 anos passaram de 15% em 2008 para 17% em 2013, alta de dois pontos percentuais. O país está atrás somente da China, Índia e Nigéria.
“O incentivo ao empreendedorismo está ganhando ainda mais força, em especial entre atividades modernas, como tecnologia”, explicou o gerente de Soluções e Inovação do Sebrae-RJ, Ricardo Wargas. 
Para o especialista, a maioria dos jovens empreende por realização pessoal. “O interessante é que eles abrem o próprio negócio pelo sonho de empreender, e não somente por ganhar muito dinheiro. E é isso que a gente acredita e fomenta”, ressaltou.
Além dos que tornam sonhos em realidade, a pesquisa mostra que o país está na transição dos negócios por necessidade em gerar renda para os de oportunidade.
No segundo grupo está Eduardo Melo, 34 anos, que ao perceber a vontade das pessoas por interação com a tecnologia criou o Twist Cam, um arco de câmeras que tira fotos em 360 graus, reproduzindo o efeito igual ao de uma das cenas do filme Matrix. “A proposta é inovar no mercado de entretenimento”, comentou Eduardo.

IMPOSTOS SÃO OBSTÁCULOS 
De nove condições para empreender, o Brasil apresenta um quadro acima da média da América Latina em todos os itens, à exceção dos impostos e infraestrutura física. Pontos também verificados como hiato em relação à média de outros países. 
“Mesmo com os incentivos para se abrir um negócio, a carga tributária pesa muito para o pequeno empresário”, atesta o jovem Gabriel.
Os impostos de uma pequena empresa podem chegar a 40% do faturamento anual, aponta Vinícius Machado, gestor de Projetos da Associação Brasileira de Startups (ABStartups). 
“As contas de uma empresa iniciante são afetadas pela tributação que é alta. Mas não tem como fugir desse problema”, ressalta Machado. 
Pela legislação atual, as empresas com faturamento de até R$ 3,6 milhões por ano podem pagar os tributos por meio do sistema Simples Nacional. O programa diminui a tributação e a burocracia, ao englobar, em única guia, oito impostos, além de minimizar as obrigações acessórias — que precisam ser cumpridas com o Fisco.

Talento para empreender passado de pai para filho
O fracasso no primeiro negócio não abalou Thiago Monsores. Aos 18 anos, ele viu seu restaurante no Centro do Rio afundar por conta de má gestão. Porém, estudou, investiu em novas ideias, ganhou dinheiro e hoje, aos 27 anos, foi eleito pela Forbes Brasil como um dos 30 brasileiros prodígios.
“A derrota nos aprimora para chegarmos ao sucesso”, acredita Thiago, que mostra maturidade. “Há muitos empreendedores que surgiram do nada. Hoje existe, porém, mais oportunidade para estudar e isso é preciso”, diz. 
Para ele, a força de dar a volta por cima pode estar no DNA. Thiago é filho de David Portes, o camelô que, ao arriscar, virou empresário e palestrante de empresas.
“Com R$ 12 para comprar remédio, para minha esposa grávida do Thiago, eu comprei doce para vender”, contou o pai. “Acho que passei o talento para meu filho”, disse David aos risos. 
Após orientações do pai, Thiago caminha com as próprias pernas. “Sigo alguns conselhos dele e meu instinto”, revela. 
Hoje os dois são sócios da InvestComm, fundo de investimento de pequenas empresas. “Minha família me deu apoio. Todo jovem precisa disso para ir além”, disse Thiago. “Vamos nos aperfeiçoar em investir em jovens. Eles são o futuro”, afirmou.

Vocação para os negócios surgiu ainda na infância e gerou ideia de sucesso
O espírito empreendedor chegou cedo para Carolina Sales, que, hoje aos 32 anos, tem sua própria empresa de brigadeiros e doces gourmet. “Com 10 anos já fazia pulseirinhas para vender em lojas de shopping. Meus pais eram comerciantes e me apoiavam. Eu sempre fui meio empreendedora”, contou. 
A ideia de fazer brigadeiros para vender surgiu durante a faculdade de medicina, como forma de conseguir um dinheiro extra. “Já tinha me formado em veterinária e quis estudar medicina. Comecei a fazer caixinhas artesanais para vender junto com brigadeiros gourmet e complementar a renda. Logo comecei a receber encomendas só dos doces e em seis meses tranquei a faculdade para investir nesse negócio, aos 27 anos”, diz.
Conforme o empreendimento se desenvolveu, cresceu também a linha de produtos. Hoje, a pâtisserie vende também bolos e brownies. “Mas o carro chefe continua sendo o brigadeiro. Vendo muitos bolos para casamento, mas as pessoas costumam pedir com recheio de brigadeiro”, diz Carolina. 
Segundo ela, a ideia inicial era abrir lojas, mas, preocupada em manter a qualidade, preferiu investir em encomendas e congelados. “Temos uma loja conceito e vendemos doces congelados nos supermercados da rede Zona Sul”, disse. 

ALIADOS DOS EMPREENDEDORES
Novas empresas com alto poder de crescimento, as startups estão com grandes aliados: as incubadoras e aceleradoras, muitas instaladas em universidades. A primeira desenvolve projetos, em sua maioria, tecnológicos e a segunda ajuda a intensificar o crescimento das recém-criadas. Em ambas, os empreendedores recebem orientação empresarial com foco no mercado que pretendem atuar.
Exemplo é a incubadora da Coppe UFRJ, que possui 26 empresas instaladas. “A percepção de que é possível conseguir o que quer é grande para essa geração de jovens que busca o prazer e a autonomia”, disse a gerente de operações Lucimar Dantas.
Incubado na Coppe, Marcos Vinícius Casagrande, 24 anos, desenvolveu a Koios 3D, que comercializa impressoras em três dimensões. “Tive a ideia e a universidade proporcionou espaço e orientação”, explicou. Para ele, ainda falta bastante para o país ser uma das três potências empreendedoras no mundo. “Mas estamos avançando”, acredita o jovem.
Gerente de Cultura Empreendedora do Instituto Gênesis da Puc-Rio, Julia Zardo diz que antes o jovem estava na universidade querendo ingressar, após se formar, em uma grande empresa ou ser um funcionário público, mas hoje a ideia é outra. “Atualmente há um sistema que estimula a criação do próprio negócio. Isso é positivo por que em poucos anos vamos começar a exportar tecnologia”, estimou Zardo.
Líderes mundiais do empreendedorismo, China e Índia mostraram ser preciso estimular o jovem com potencial. “Esses países investiram em iniciativas empreendedoras. É preciso incentivar massivamente os jovens”, afirma Ricardo Wargas, gerente de Soluções e Inovação do Sebrae-RJ.
Eduardo Melo, 34 anos, da Fictix, tentou entrar na incubadora da UFRJ, mas, por questão de tempo, não conseguiu. Mesmo assim, vem conseguindo desenvolver a empresa, a Twist Cam, que reproduz a cena de 360 graus do filme “Matrix”. Para ele, o brasileiro está entre os maiores empreendedores devido à adversidade. “Somos um dos mais criativos, superamos as dificuldades porque fazemos mais com menos. Temos capacidade de de pensar em soluções”, diz.
Para Gabriel Cohen, da Aktory, é preciso dar prioridade para se ter o negócio. Ele usou a rescisão de contrato do antigo trabalho e o dinheiro que iria comprar um carro. “Fiz uma pesquisa de mercado para ter certeza onde estava pisando. Até agora o negócio tem se mostrado promissor”, disse Gabriel.
Lucimar Dantas, gerente de Operações da Coppe UFRJ, diz que o Brasil está longe de ser um Vale do Silício, mas acredita no potencial do país. “Quem sabe o novo Google seja criado por um jovem do Brasil?”, aposta. 

fonte:http://odia.ig.com.br/noticia/economia/2014-10-18/caminho-do-proprio-negocio-trilhado-pelos-mais-novos.html
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