Empreendedorismo: O longo caminho -

Os desafios de ser empreendedor no país onde só se ensina a ser empregado. O que pode-se fazer para virar a chave e retornar a nossa essência de descobertas?

 

 

 

A interação com programas sociais de inserção de jovens no mercado de trabalho, por meio de estágio, por exemplo, coloca uma questão retórica que pode ser ampliada para diversas áreas deste tal mundo do trabalho: “como suprir a necessidade de experiência ‘profissional’ do jovem, recém formado? ”. Nesta extrapolação proposta, a questão ficaria assim: “como exigir conhecimentos em empreendedorismo se a educação formal do país nos ensina a ser empregados? ”.
Diante deste primeiro cenário, inóspito, gostaria de cumprimentar e parabenizar todos os corajosos que enfrentam o sistema e resolvem empreender! Sim, por mais que se diga o contrário, está na natureza do empreendedor o enfrentamento do sistema, o inconformismo. E este é o lado bom da coisa!
Fazendo um compilado de algumas pesquisas, nada científicas, diga-se de passagem, encontramos na web milhares de blogs, sites especializados, autores renomados, revistas técnicas e etc, dando dicas, citando características e comportamentos que um empreendedor deve ter ou fazer, para conquistar o sucesso em sua empreitada. Mas antes de apresentar este resultado, gostaria de contribuir com outro ponto de vista sobre estas tais características. Este contraponto vai ao encontro desta essência, como forma de provocar os empreendedores que estão oprimidos, Brasil a fora!
Não existe estímulo para ser empreendedor, isso vimos diariamente. Nas escolas não se ensina a pensar como empreendedor. Muito pelo contrário, aquele espírito de descobrir o mundo que está a nossa volta, quando somos crianças nas primeiras fases da infância, é condicionado a padrões preestabelecidos, pois afinal, dá muito trabalho lidar com a natural diversidade humana. Então reprime-se os muitos “por quês” e nada de desenhar fora da área delimitada! Tudo isso é muito frustrante, visto que a maior parte dos grandes problemas de nosso país, do planeta, ainda não foram resolvidos. Talvez, sequer enfrentados.
Sob este prisma, temos todos, nas nossas essências, uma natureza empreendedora, salvo contrário, ainda estaríamos em cavernas, torcendo pela queda de um meteoro para aniquilar os dinossauros e outras ameaças a nossa existência. Necessitamos resgatar este gene do nosso DNA e colocar em prática – neste ponto todos autores são uníssonos: praticar, fazer, realizar – alguns comportamentos.
São valores e ações como estas que movem nossa essência empreendedora, nossa vontade de ir além, de pensar fora da caixa:
PAIXÃO. Isso move montanhas, inicia e encerra guerras, elege líderes, depõe tiranos e faz sonhos transformarem-se nas maiores empresas do planeta. Todo empreendedor tem de ser apaixonado pelo seu negócio. Não é o dinheiro que move o empreendedorismo, pois para empreender ele não é necessário. Mas sem uma causa, uma paixão, um empreendimento não será duradouro, não terá essência. Coloque paixão naquilo que sua empresa faz, pois seus clientes irão perceber, tornando-se fãs da marca.
RESPONSABILIDADE SOCIAL. Também conhecida como “respeitar os outros”. Ou como dizem alguns “trate as pessoas como gostaria de ser tratado”. O conceito é amplo, mas na essência refere-se a respeito com as pessoas, com a comunidade na qual está inserido, com o planeta! Embora tenha um significado diferente, desdobra-se outra característica a partir desta: a ÉTICA. Tenha um comportamento baseado na ética.
TRANSPIRAÇÃO. Fazer. Colocar em prática. Produzir. Mas faça bem. Faça sempre e faça bem. Seja o melhor do mundo naquilo que escolheu fazer. Busque sempre a excelência. Sempre há o que melhorar em seus processos. Sempre há custos a reduzir e ganho de eficiência em alguma atividade a ser buscado.
QUESTIONE. Lembra da criança descobrindo o mundo, questionando mil vezes ao dia os “porquês” de tudo a sua volta? Pois este deve ser o comportamento do empreendedor: descobrir os porquês dos processos e sistemas atuais e propor melhorias, soluções. Ainda convivemos com secas em algumas regiões, outras não são propícias ao plantio de determinadas culturas, noutras – quase todas – a logística é uma calamidade. O saneamento chega a uma parcela da população, os sistemas de tratamento de água desperdiçam mais de 75% da estação de tratamento até chegar a sua torneira. Ainda dependemos de chuva para ter energia elétrica. Problemas reais, do cotidiano, que estão à espera de empreendedores para resolvê-los.
SONHE. Almeje realizar algo excepcionalmente simples, mas que vai mudar definitivamente a vida de alguém. Assim você terá um produto pelo qual todos disputarão. Clientes querem soluções.
SEJA HUMANO. Isso mesmo, seja você. Falível, assertivo, simpático, atencioso. Não importa que algo deu errado, assuma o erro e surpreenda seu cliente. Seja humano nas relações com sua equipe, pois eles são seu principal ativo e um grande diferencial competitivo. Mas, se tratados como recursos, meros recursos, terão comportamento de “custo operacional”. Seja humano com você também, afinal, você não é perfeito!
Mas não é só isso! Fique no artigo até o fim e ganhe o dobro de informações.
Abordando aspectos um pouco mais técnicos, agora sim, mais relacionados ao compilado da pesquisa mencionada, ainda há outros processos que devem ser praticados pelo empreendedor.
CULTURA DE MUDANÇAS. A empresa debutante deve estar preparada para mudanças constantes. Se a mudança não for imposta pelo meio, ela deve mudar para diferenciar-se cada vez mais, criando novos diferenciais competitivos. Isso requer um empreendedor CONECTADO ao mundo, realizando ajustes constantes no processo. Acompanhando os movimentos dos concorrentes, identificando oportunidades de melhoria e aperfeiçoando sempre.
EMPATIA. Coloque-se no lugar de seus clientes. Você seria cliente de sua empresa? Você ficaria encantado ao receber um atendimento tal qual sua empresa dispensa aos clientes? Se a resposta “siiiiimmm” demorou mais de meio segundo para ser dita, algo está errado e você tem muito o que fazer. Para alcançar uma performance de excelência neste atendimento, faz-se necessário também colocar-se no lugar de seus funcionários, sua equipe. Pois na linha de frente eles farão a diferença e cabe a você, líder, decidir se a tal diferença vai ser para o bem ou para o mal – de sua empresa.
SINERGIA. É o famoso 1+1=3. Ou seja, duas mentes brilhantes produzirão mais em conjunto do que se trabalhassem individualmente. Trabalho em equipe deve ter sinergia. Atitude de liderança, possibilitando sua equipe demonstrar todo talento e capacidade que têm.
PRATICAR. Faça. Faça. Faça. Realize. Treine. Utilize modelos para diminuir o tamanho do risco, mas faça. Não tenha receio de errar. Os maiores vitoriosos são aqueles que mais erraram e melhor aprenderam com seus erros. Pesquise sobre MVP (mínimo produto viável, em tradução literal) e faça testes. Pratique.
RELACIONAMENTO. Poderia estar junto ao conceito de “conectado”, mas devido a importância, ganhou um tópico exclusivo. Converse e participe de eventos com outros pequenos empreendedores. Há fóruns virtuais para não haver desculpa do trânsito e você não participar. Converse e aprenda com os outros participantes da cadeia produtiva de seu negócio. Fornecedores, distribuidores, indústria, seus clientes. Conheça toda cadeia para identificar novas oportunidades de negócio, para aperfeiçoar seus processos. Para prospectar novos clientes. Relacione-se. Empreendedor é um vendedor do seu sonho vinte e quatro horas por dia.
PLANEJAMENTO. Pode ser algo simplificado ou cheio de detalhes e cenários. Mas ele não é o fim, é apenas um meio. Deve ser encarado como uma trilha e não como um trilho, pois a trilha permite ajustes no percurso, lembre-se da cultura de mudanças. O planejamento também serve para definir um alvo, definir uma linha de chegada e para identificar a performance da empresa durante o trajeto, por meio de indicadores chaves (KPIs), por exemplo.
PREPARO EMOCIONAL OU PSICOLÓGICO. Existem inúmeras variáveis que independem da vontade do empreendedor e administrá-las requer preparo emocional. Por mais que haja planejamento e disposição, há de se considerar que a implantação de um negócio depende da interação com terceiros (fornecedores, órgãos regulamentadores e etc) e que possivelmente nem tudo sairá conforme o desejado. Saber lidar com os imprevistos e extrair deles aprendizado é fundamental. A burocracia no Brasil é um fator que exige atenção e consome muita energia. Licenças, alvarás, requerimentos, carimbos, inspeções, etc. E por mais que você esteja preparado, acredite: as repartições públicas sempre conseguem te surpreender. Há uma fase de aprendizado, de conhecimento mútuo entre sua empresa e seus fornecedores e isso pode contribuir com alguns atrasos inesperados. O mesmo aprendizado ocorre entre sua empresa e seus clientes. A cobrança dos amigos e da família devido a sua ausência ou pouca atenção também pesa. Portanto, prepare-se psicologicamente.
CONSELHEIROS. Ou mentores, fica a critério de cada um. Busque mentores com quem pode conversar sobre seu negócio. Pessoas de dentro e de fora do seu mercado, pois assim você tem uma contribuição mais abrangente sobre gestão, inovação e novas oportunidades, por exemplo. Estes mentores também podem contribuir com seu preparo psicológico e exercício de resiliência.
EQUIPE 100%. São eles que fazem sua empresa acontecer. Permita um ambiente humano. Pessoas gostam de música, então permita música no ambiente de trabalho. Propicie um ambiente de criatividade e inovação. Premie e recompense aqueles que fazem melhor, que fazem diferente, que atingem os melhores resultados. Sempre! E acrescente aqui os tópicos de sinergia, seja humano e respeito.
SEJA LEGAL. Não tem a ver com ser bacana, bonzinho. Consiste em estar em dia com as obrigações legais. São inúmeras. Mas para empreender de forma legítima e com ética é necessário estar e permanecer legalizado. Isso toma muito tempo e pode ser complexo, assim, se você não dominar o assunto, contrate um profissional especializado. E novamente esteja preparado, pois sempre vai surgir uma taxa, imposto ou contribuição nova para você pagar.
Tem um comercial de um banco que diz: “o bom de se ter o próprio negócio é poder decidir tudo. O ruim de se ter o próprio negócio é ter de decidir tudo”. Aproveite enquanto os outros estão discutindo e faça!
O caminho é longo, mas vale a jornada!
fonte: http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/empreendedorismo-o-longo-caminho/79609/

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