Franquia de baixo custo: como se dar bem



Ter a própria empresa é o sonho de três em cada quatro brasileiros, segundo pesquisa recente da Endeavor. Mas, na hora de colocar o plano em prática, é comum faltarem dois ingredientes: ideias de negócio e capital para investir. A solução pode estar em um modelo que ganha cada vez mais espaço no Brasil: as franquias de baixo custo.
Para se encaixar nesse modelo, o investimento inicial na unidade deve ser de até 80 mil reais, segundo a AssociaçãoBrasileira de Franchising (ABF). Vale lembrar que, até meados de 2013, esse teto era de 50 mil reais. No entanto, é possível encontrar no mercado, microfranquias que custam a partir de 5 mil reais.
Segundo a ABF, já existem mais de 400 marcas que apostam neste modelo no Brasil. Juntas, elas movimentaram 4,5 bilhões de reais em 2012. O número representa um aumento de 24% em relação ao ano anterior. Para o franqueador, o modelo facilita a rápida abertura de novos mercados, já que o ritmo de crescimento das microfranquias é maior que o de lojas tradicionais. Isso porque, além do baixo investimento, a estrutura exigida também é bem menor.
Em alguns casos, não é preciso nem espaço físico para começar o negócio. É possível montar a franquia em casa. É o caso da Genial Books, especializada em personalização de livros infantis. A franqueadora exige que um novo franqueado tenha somente um computador e uma impressora. Com os equipamentos em mãos, o empreendedor já pode começar a personalizar os livros e vendê-los.
Mas o modelo econômico e compacto não se restringe apenas às empresas emergentes. Até mesmo marcas que já estão inseridas no mercado tradicional de franquias podem encontrar soluções mais baratas para conquistar franqueados com menos capital para investir. O Bob's é uma delas. Além do modelo tradicional de lanchonete, que requer investimentos que vão de 555 mil reais a 1,3 milhão de reais, a rede oferece opções mais baratas para quem quer ser um franqueado, como as estações. Com apenas dois metros quadrados, as microfranquias que vendem lanche pronto esquentado no forno têm um investimento inicial em torno de 20 mil reais. Já existem cerca de 40 pontos de vendas nesse modelo em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Mesmo sendo uma solução vantajosa para ambos os lados — franqueado e franqueador — é preciso ponderar alguns pontos antes de lançar mão dessa alternativa para expandir seu negócio. Veja:
Escolha criteriosamente os franqueados - A regra vale para qualquer tipo de franquia, mas merece atenção especial neste caso, já que a barreira de entrada para o negócio é menor. A estrutura enxuta, em geral, permite poucos ou nenhum funcionário. Isso significa que tudo ficará por conta do franqueado, e um erro pode acarretar problemas não só para a franquia mas para a rede toda. Dependendo da área de atuação, esse franqueado deve estar disposto a sacrificar finais de semana e feriados e entender de tudo um pouco, de finanças e atendimento a vendas e gestão.
Atente aos recursos financeiros do franqueado - É importante também que o franqueado esteja ciente de que o retorno não será imediato, e por isso é preciso que ele tenha outras fontes para se manter durante esse período de transição. Como o investimento inicial é baixo, o modelo pode ser tentador para quem tem menos recursos. Faz parte do jogo. Mas tenha certeza de que a empreitada não vai terminar em falência para ele e para você.
A rede de microfranquias Doutor Resolve, que oferece serviços de reparos, reformas e limpeza, encontrou uma solução para amortecer os problemas de falência de franqueados com baixos recursos financeiros. A empresa permite que, nos seis primeiros meses de operação, o franqueado trabalhe de casa. Depois desse período, ele é obrigado a abrir um ponto comercial. No entanto, os primeiros meses sem despesas com espaço físico ajudam o empreendedor a tomar fôlego e se planejar financeiramente até o retorno começar a aparecer. O investimento inicial em uma microfranquia da Doutor Resolve é a partir de 15 mil reais para uma cidade com 30 mil habitantes.
Mantenha o nível de qualidade - Além de escolher “a dedo” os franqueados, pelos motivos citados acima, é preciso ter cuidado com o padrão de qualidade dos serviços prestados pela rede. Uma estrutura menor não pode nem deve ser sinônimo de baixa qualidade. Por isso, é importante fazer uma verificação rígida e frequente do que está sendo entregue pelos franqueados.
Faça sua lição de casa - Uma microfranquia precisa de todos os instrumentos comuns ao modelo: circular de oferta, manuais e treinamentos, além de uma estrutura de suporte capaz de atender os franqueados, independentemente do número unidades. Portanto, antes de partir para este modelo, é necessário fazer um estudo aprofundado de viabilidade do negócio e buscar apoio de especialistas para preparar todos esses documentos.
José Carlos Fugice Jr, administrador de empresas especializado em franquias e varejo com MBA em administração de empresas, tem experiência em mais de 150 projetos de franquias e é sócio-fundador da GoAkira Consultoria Empresarial.
Fonte: http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2014/03/26/franquia-de-baixo-custo-como-se-dar-bem/

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