Oceano azul: marujo, há um mar de novos mercados esperando por você!



A estratégia do oceano azul propõe uma nova abordagem para o crescimento de um negócio que quer ser cada vez mais lucrativo: explorar novos mercados em vez de disputar com seus concorrentes aqueles já saturados.

E, então, a Apple lançou o Itunes e o Ipod. E esses novos produtos colocaram a empresa milhas à frente da concorrência. Com as novidades, alcançou um novo mercado além do seu: os consumidores de música. E o melhor:  os antigos concorrentes dela não estavam ali. A Apple entrou soberana no oceano azul.

Falando sobre oceano azul, a história de Samuel Klein e seu império, as Casas Bahia, também logo vem à cabeça. Muito antes de se falar no conceito, o empreendedor já estava à frente de seus concorrentes, pilotando seu transatlântico em um enorme e límpido oceano azul, ou um enorme e inexplorado mercado: consumidores de baixa renda.

Não é à toa que construiu um império, e quando seus concorrentes (outras grandes lojas de eletrodomésticos) lutavam para vender mais, ele prosperava em outros setores, intocado e bastante seguro das perspectivas do mercado que tinha descoberto.

De acordo com  estratégia do Oceano Azul, para uma empresa se tornar um negócio cada vez mais lucrativo e crescer, ela deve buscar novos e intocados mercados (em vez de disputar consumidores com seus concorrentes em mercados já saturados).

De acordo com esse novo olhar, o empreendedor pode e deve fugir da competição em mercados já explorados - onde as possibilidades de crescimento e aumento de lucratividade são, justamente, cada vez menores devido ao aumento da concorrência – e direcionar seu negócio para novos mercados, até então inexplorados. Essa abordagem vale tanto para futuros empreendedores, quanto para negócios já existentes. Para crescer, busque novos mercados.

Mas, afinal da onde vem essa história de oceano azul?
O conceito da estratégia do oceano azul foi criado por dois pesquisadores, W. Chan Kim e Renée Maiborgne. Após a realização de uma grande pesquisa envolvendo mais de 150 movimentos estratégicos ocorridos em mais de 30 indústrias ao longo de 100 anos (1880-2000), chegaram justamente à conclusão que as empresas, em vez de competir com concorrentes, poderiam focar em novos mercados.

Assim, o termo oceano azul foi uma metáfora criada para descrever os tais novos mercados, intocados e livres de concorrência. Também há um nome poético para denominar mercados já conhecidos e saturados, oceano vermelho, que representaria um grande e sangrento campo de batalha, onde empresas concorrentes  lutariam entre si na disputa por consumidores.

A pesquisa e a abordagem foram apresentados no livro “Blue Ocean Strategy”, um grande sucesso de vendas, que fez a cabeça de importantes executivos do mercado, mas também de jovens empreendedores em busca de novos negócios. Só para constar, a obra foi traduzida para 43 línguas, e mais de 3,5 milhões de cópias foram vendidas.

Se você nunca ouviu falar desse tema, assim que terminar esse artigo, vale comprar um exemplar e se aprofundar no assunto. Aqui, você encontra uma entrevista (em inglês) que a Fast Company fez com os autores do livro, falando especificamente sobre o tema. Outra dica é acessar o site oficial da publicação. Vale a pena a navegação: lá você encontra cases e depoimentos de CEOs de grandes empresas que adotaram a estratégia do Oceano Azul.

Tá bom, mas como faço para achar o oceano azul do meu negócio?
Antes de mais nada, para se criar uma estratégia de oceano azul, é preciso conhecer muito bem como funciona o oceano vermelho, ou seja, o mercado onde o negócio já está atuando e toda a sua dinâmica. Assim, é possível entender os seus consumidores e concorrentes. Mas também é preciso olhar atentamente para seus não-consumidores. As oportunidades estão com eles.

Outro ponto importante é ter clareza que novos mercados surgem de inovação de valor, e não necessariamente da inovação tecnológica.

Além disso, você pode usar como ferramenta o Strategy Canvas. Ele te ajuda a entender a essência da estratégia daqueles que competem no oceano vermelho e desenvolver propostas de oceano azul. Saiba mais aqui.

A seguir, separamos algumas dicas (retiradas deste artigo da Harvard Business Review) para te ajudar nessa missão de desbravar novos mares, e não cair em armadilhas comuns.

1- Cuidado para não desenvolver estratégias de criação de mercado que sejam voltadas para clientes já existentes: é comum cair na armadilha de investir apenas no desenvolvimento de estratégias voltadas a clientes já existentes, estratégias para melhorar a experiência do cliente. Elas são importantes, ok? Mas não para alcançar o objetivo de expandir para novos mercados.

2 - Cuidado para não confundir estratégias de criação de novos mercados com estratégias de nicho: identificar e capturar nichos de mercado também é muito importante, e essas estratégias podem trazer excelentes resultados, mas descobrir um nicho em um espaço já existente não é a mesma coisa que identificar um novo mercado.

3 - Cuidado para não achar que uma estratégia de criação de mercado está, necessariamente, ligada à inovação tecnológica: sim, a tecnologia vem transformando mercados e indústrias, mas a criação e expansão para novos mercados não depende somente disso. Lembra-se do exemplo de Samuel Klein e as Casas Bahia? Aliás, muitas inovações tecnológicas não conseguem criar novos mercados, mesmo que ganhar os elogios de empresas e seus colaboradores prêmios científicos.

4 - Atenção, criação de mercado não é a mesma coisa que destruição criadora: a teoria da destruição criadora de Joseph Schumpeter está no cerne da economia da inovação, e ocorre quando uma invenção transforma radicalmente um mercado e acaba destruindo concorrentes que não acompanham essa transformação. Um exemplo são os aplicativos de táxi, que mudaram radicalmente a forma como esse mercado funciona – e as cooperativas e empresas tradicionais estão ralando para correr atrás do prejuízo. Agora, a criação de novos mercados não envolve destruição criadora pois expandir para novos mares significa, na prática, justamente oferecer soluções que não existiam anteriormente. A indústria de microfinanças do Banco Grameen é um exemplo.

O mercado está muito competitivo. Então, em vez de bater de frente com seus concorrentes, que tal investir na criação de novos mercados?

Marujo, acredite, há um enorme oceano azul esperando por você!



FONTE: https://endeavor.org.br/oceano-azul/
Publicado originalmente por Business Harvard Review





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